aquele livro com secreção
caída do meu nariz
me enoja
só resta arrancar as ervas daninhas
que insistem em crescer
no meu jardim
aquele livro com secreção
caída do meu nariz
me enoja
só resta arrancar as ervas daninhas
que insistem em crescer
no meu jardim
Quando tu sentes que não estás
Que não sabes estar
Com quem nem onde
Dói
É agressivo saber que não
Antes alienado fosse
Eu sou uma réplica quebrada de uma imitação de quem eu achava que era. Eu sou uma farsa. Nada em mim é real, de verdade. Uma cópia invertida de uma verdade escrita sobre papel carbono, manchado, borrado, escuro.
Por que não consigo me livrar desta parte do passado? Há uma peça de memória que me falta me impede de esquecer completamente. Como se a falta de um pedaço me prendesse ao resquício de memória que me sobrou e eu, duvidoso, não me permito deixar passar.
Além disto, me sinto culpado. Meu inconsciente me condena sempre que lembro no pedaço de memória restante. Parece que a missão desta vida fosse apenas essa, cumprir pena pelo ato que não cometi ou pelo que não me lembro se cometi. Teria eu lembrado se tivesse agido? Ou teria simplesmente esquecido de vez? Ecoa…
Arrependo-me. Sem limites.
N’um certo tempo não se preocupa mais com alguns detalhes que não produzem efeito.
Uma hora a quantidade de atenção dada a certos detalhes, diminui.
Como se o passar do tempo deprimisse a sensibil[idade].
Aquele pedaço no meio do todo já não faz a mesma diferença.
É que já passou
O futuro é agora.
É que agora chegou
É esse o momento de gozar o presente.
É que o futuro já é
E será.
Que é a vida, senão um desfile de memórias, de ideias sem sentido duradouro? E não são essas recordações, essas ideias, a realidade de sentido e importância permanentes?
Somente neste momento percebo que eu queria? Não, senão já teria saído disto muito tempo antes, ou nem ao menos teria entrado nesta. Quantas vezes isto já me acontecera e eu havia contornado por outros caminhos? Sim, eu segui.
Sempre que deixo saírem as lágrimas
Escorrerem como lágrimas…
Sempre que passo pelos rios
E as pontes passam e voltam…
Retorno mais forte, com humores estranhos…
Mas sempre sinto que perdi algo nas águas do rio
E que cresci enquanto as lágrimas me cobriam.
Sempre que passo pela casa no campo
E as gramas me chamam…
Sempre que minhas pernas sentem as folhas
E as raízes prendem meus pés…
Queria que me levassem ao chão
E me preparassem mais forte para o dia que vem
Onde está aquele rio?
E as raízes que estavam no fundo?